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Ana Lúcia Medeiros

Educar para a web é educar para a vida

Atualizado: há 4 dias


Quando educar é um propósito, mesmo situações complexas podem ser solucionadas. É o que mostra fórum sobre desinformação, um problema que ameaça a qualidade de vida da população do Brasil e do mundo


Por Ana Lúcia Medeiros


“Educação da população”. Essa é a solução que o influenciador digital Bruno Sartori aponta para o problema da desinformação que torna cada vez mais difícil a vida das pessoas na sociedade contemporânea. A saída que Bruno Sartori aponta para a manutenção de uma mente minimamente saudável em tempos de difusão de conteúdos desinformativos nas mídias sociais digitais se soma a outras vozes que se reuniram no Encontro Paraibano de Combate à Desinformação, realizado em João Pessoa, nos dias 28 e 29 de outubro.


Participaram do evento representantes do Supremo Tribunal Federal (STF), do Comitê Gestor da Internet (CGI), da Coordenadoria de Políticas de Liberdade de Expressão e Enfrentamento à Desinformação do Governo Federal, professores, pesquisadores e membros da sociedade civil.


Foto: divulgação

O encontro representa um importante fórum para o enfrentamento à circulação de mentiras na internet e ocorre paralelamente à Global Media and Information Literacy Week Feature Conference 2024, aparelhada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Juntos, os dois eventos buscam promover a alfabetização midiática e o combate à desinformação em escala global. A interseção desses dois eventos destaca a urgência em abordar a disseminação de conteúdos falsos no Brasil e no mundo.


Dinâmica plural – das falas à aplicabilidade


Seguindo o firme propósito de mitigar os problemas gerados pela difusão de conteúdos mentirosos e meias-verdades, o evento em João Pessoa colocou em debate o problema e trouxe soluções práticas. Para isso, dividiu as atividades em duas etapas: fala de especialistas com soluções a partir da vivência com o problema e oficinas com dicas de como identificar mentiras na internet.


As falas dos especialistas apresentaram suas ações em cada área de atuação com um consenso: há muita desinformação, mais muita checagem, o que traz esperança para a solução do problema.  


O representante do Comitê Gestor da Internet (CGI), Rafael Evangelista, lembra do papel do whatsapp como principal fonte de informações para usuários. Para mudar esse quadro e garantir a difusão de informações seguras, ele defende que é preciso valorizar o jornalismo, com remuneração de plataformas para jornalistas. Para isso, já há iniciativas importantes, cuja divulgação aparece em livro disponível na internet com remunerações para esses profissionais no mundo inteiro.


Ao tratar das dimensões sociotécnicas que envolvem o tema desinformação, o professor da Universidade Federal de Alagoas, Ronaldo Araújo, identifica estratégias de desinformação normalmente adotadas, que exigem atenção. Entre as quais, destaca três: 1) são requentadas informações antigas, fora do contexto; 2) são adotados elementos identificadores de um modo de pensar; 3) as informações parecem verdadeiras, com argumentos aparentemente bem fundamentados, embora tendenciosos.


O Guia de Resistência à Desinformação, apresentado por Ana Paula Alencar, da Universidade Federal Fluminense (UFF), traz provocações sobre o que as pessoas curtem e compartilham nas redes sociais e ensina a trabalhar o senso crítico.

Página do Guia de Resistência à Desinformação
Página do Guia de Resistência à Desinformação

Gabriela Guerreiro, do Supremo Tribunal Federal (STF), lembra que liberdade de expressão não significa espalhar discurso de ódio, ameaçar matar uma pessoa.


Chame o Var (Verificação Antes de Repassar). Essa é a dica prática proposta por Rachel Bertol, da Rede Nacional de Combate à Desinformação (RNCD). A pesquisadora diz que é preciso cautela no uso das tecnologias e informa que “várias instâncias se unem na adoção de mecanismos que fazem parte de um sistema perverso” .   


Daniela Machado, coordenadora do Educamídia, em sintonia com o influencer Bruno Sartori, aposta na educação como eixo principal na luta contra a desinformação.  


Ensinar na prática

 

Bruno Sartori se encarregou de apontar os caminhos para identificar as nuances de uma deepfake e foi além: mostrou como utilizar a técnica. Já o professor Edilson Leite, da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), ensinou no laboratório de informática, como utilizar ferramentas para verificar a veracidade (ou não) de conteúdos em circulação na internet.


Você consegue identificar uma deepfake? Tarefa difícil. Mas o especialista na técnica tem uma dica: “olhe para a orelha dos personagens que aparecem nas imagens. Se perceber algo estranho, que chame atenção por soar esquisito no conjunto da imagem, é grande a possibilidade de você estar diante de um fake realista”, ensina Bruno Sartori.


Bruno Sartori ensina como fazer deepfake Foto: Madrilena Feitosa

Mineiro, o jornalista Bruno Sartori tem um jeito cuidadoso de fazer um trabalho que, ao mesmo tempo em que diverte, alerta para os riscos que determinados conteúdos postados na internet podem provocar. Desconfiar, observar atentamente, especialmente os vídeos mais divertidos, mais animados e inusitados são dicas básicas de Bruno Sartori, que animou a plateia com vários dos vídeos em que usa a sofisticada técnica de falseamento. Entre os vídeos apresentados, dois se destacam: o vídeo com Jair Bolsonaro e Lula em um dueto cantando "Evidências", de Paulo Sérgio Valle e José Augusto,  um sucesso nas vozes da dupla sertaneja Chitãozinho e Chororó;  e o vídeo de Sílvio Santos cantando “Macetando”, de Ivete Sangalo.

 

Já o professor Edilson Leite, durante a oficina “O uso de ferramentas tecnológicas e processos de checagem para verificar informações”, fez referência ao Painel de Checagem do Conselho Nacional de Justiça que conta com parceiros governamentais, a exemplo de Boatos.org, e agências de checagem de empresas privadas, como Estadão Verifica, Fato ou Fake, Lupa, Uol Confere e Aos Fatos.  Realizada no Laboratório de Informática,  a oficina apontou os caminhos para acessar as ferramentas que qualquer usuário pode utilizar para checar se uma informação é ou não confiável. O que mostra que o percurso pode ser menos tortuoso daqui em diante e que há esperança de controle de uma situação aparentemente sem limite.      




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Guest
há 4 dias
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Excelente ver movimentos tão relevantes contra a desinformação.

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